sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O sistema capitalista é irrecuperável!



Assistimos durante os últimos meses à tentativa de vários governos de superar a recente crise capitalista. Nesse movimento foi notória a injeção de dinheiro público em empresas economicamente comprometidas e em bancos quebrados.
Dessa maneira os governos operaram, basicamente, em duas frentes, de um lado socorreram bancos para cobrir o capital derretido, praticamente comprando-os, e, de outro, concederam empréstimos, subsídios, isenções e reduções de impostos para que empresas investissem na produção.
Essa intervenção foi de tal monta que alguns remeteram-na a Keynes, e outros, precocemente, decretaram o recuo do gerenciamento neoliberal.
Mas no mundo das conveniências e às avessas, as idéias estão sempre fora do lugar: ao keynesianismo clássico que pretendia corrigir as irregularidades do mercado, os desvios e incorreções do sistema, e, assim, atenuar as injustiças do sistema, entendidas, como efeito indesejado e colateral do capitalismo, os ajustes anticrise sobrepuseram um novo e esquizofrênico neokeynesianismo, a saber: o Estado interveio para salvar o capital de si mesmo. Além disso, esses ajustes fortaleceram o deslocamento do discurso neoliberal de seu leque econômico para todos aspectos da vida contemporânea, instalando, assim, paradoxalmente, um liberalismo social no qual, cada um de nós, trabalhadores, se vira como pode.
Importante salientar o óbvio que ao lado de custos vultosos que imprimiram um forte déficit, os governos impuseram e enrijeceram suas políticas fiscais cortando verbas para educação, saúde, moradia, saneamento e jogando milhões nos corredores de nossas ruínas hospitalares.
Abrir os cofres públicos a empresas e a bancos e reduzir o orçamento das políticas públicas ratificam tanto o capitalismo sem risco (que os neoliberais advogam para si e esconjuram para os outros), como a socialização dos prejuízos. Mas no entanto não garantem, sequer apontam para a superação da crise: os bancos não investiram em nada, claro, e as empresas, receando um recrudescimento do consumo, não produziram e investiram em ações aproveitando as baixas da bolsa e do dólar. Resultado: a bolsa teve alta e a economia real não reconheceu mudança positiva.
Excetuando a alta da bolsa (pelo menos até a crise dos PIGIS), esse era o único índice com o qual os governos tentavam demonstrar a melhora econômica e, logo, a superação da crise, não se fala do índice de desemprego, que não recuou às taxas antes da crise, não se destacam os PIBs de vários países que estacionaram ou mesmo decresceram.
Portanto atuação dos governos apenas adia a crise realimentando o ciclo que a gera, pois o dinheiro foi aplicado no mercado financeiro, criando e aumentado, de novo, a bolha.
Nesse momento é fundamental estudarmos detidamente a crise e o instrumental utilizado pelos governos para assim combatê-los, pois nos é necessário demonstrar à nossa classe que os mecanismos clássicos arregimentados para a superação apresentam evidentes limites, expõem armadilhas incontornáveis para o sistema capitalista e trazem em si o germe de sua morte. É mais uma oportunidade de demonstrarmos que o sistema é irrecuperável pois está encapsulado em sua singular lógica que o condena.

APARECIDO JOSÉ ALVES

Licenciado em letras, militante do PSOL e da TLS

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