sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

COMENTÁRIO SOBRE O ARTIGO DOS 20 ANOS DA VILA LULALDO

Comentários sobre o artigo dos 20 anos da VILA LULALDO.

1-Aldo, meu santo! A história se faz na luta, e disso eu sei que você entende. Onde quer que esteja. Os lutadores não cansam, ainda que envelheçam! E esses são poucos. Que bom que eu tenho um amigo assim. Um beijo grande.
Ana Valim

2-Boa tarde, Aldo! Fica seu depoimento para meu arquivo e minha reflexão.
Depois vc. me escreve para informar como ficou a regularização fundiária. Houve algum acordo? Como que a Justiça, no sentido institucional da palavra, se pronunciou? Abraços.
Prof. Luis.

3-Que história emocionante companheiro, esse povo tem no sangue a bravura de Antonio Conselheiro, Zumbi dos Palmares e tantos outros. Infelizmente, ainda falta muito para conquistarem o respeito por parte dos que governam o nosso município, mas todo apoio aos moradores da Vila LulAldo, parabéns aos companheiros que ficaram do lado dos oprimidos.
Abraço.
Teotônio ex-conselheiro da Apeoesp-SBC.

VILA LULALDO: 20 ANOS DE LUTA, RESISTÊNCIA E CONQUISTA.
No dia 03 de Dezembro de 2009, os moradores da Vila Lulaldo comemoraram 20 anos de luta, resistência e conquista, por ocasião da ocupação que chocou o conservadorismo da cidade de São Bernardo do Campo. Essa é uma conquista definitiva, um exemplo concreto de quem luta conquista e, que, quando o poder público não responde as demandas sociais, o povo constrói suas alternativas em busca de uma vida melhor.
Precisamente, 20 anos atrás, eu estava em casa quando recebi um telefonema do companheiro Taná (assessor político do nosso gabinete) dizendo que a “festa” seria a noite e que eu estava convocado.
Compareci no horário combinado, juntamente com outros assessores do gabinete.
Acompanhei passo-a-passo toda a movimentação, como a medida dos terrenos (feita com um barbante), a definição das ruas e o operativo para a transferência de parte moradores da Vila Jurubeba para o terreno que ficava ao lado do Jardim Jussara.
Iniciada a ocupação, por volta da meia noite erguemos o primeiro barraco (da Emília) que passou a ser uma espécie de Central da ocupação. A Emília estava doente e frágil, mas não faltava valentia, coragem e determinação, pois todos estavam convictos de que era preferível lutar até as últimas conseqüências, do que morrer soterrados nos morros da Vila Jurubeba.
Para passar a noite, ela (Emilia)fazia um café forte, e,de vez em quando tomávamos uma talagada de cachaça para animar e suportar as dificuldades e o cansaço que por vezes tomava conta das pessoas.
Existia uma sensação de felicidade e medo entre os ocupantes. Felicidade porque estavam saindo de uma área (Vila Jurubeba) que estava prestes a desmoronar. O medo era sobre o que poderia acontecer com a repressão policial, com a reação da Administração do Prefeito Mauricio Soares e a voracidade especulativa do proprietário da área, Sergio Canastreli.
Lembro-me do Agenor, da Emília, do Taná, do Barba e tantos outros (as) que heroicamente lideraram aquela vitoriosa ocupação.
Essa ocupação aconteceu em decorrência da total omissão do poder público (na época, o prefeito era o Dr. Mauricio Soares do PT), uma vez que partes dos moradores já estavam alojados na sede social do Jardim Jussara, inclusive, com parte das casas danificadas pela ocorrência de chuvas, ventanias e tempestades.
A ocupação de um novo local foi a única saída encontrada pelos moradores. Portanto, essa ocupação tinha o propósito claro e objetivos definidos: ocupar, resistir, construir e conquistar.
No dia 4 de dezembro, logo cedo dividimos as tarefas: um grupo fazia a transferência dos barracos, outros mediam os terrenos, outros buscavam alimentação e outros buscavam apoio político para resistir na área ocupada.
A imprensa fez um estardalhaço e a polícia também estava por perto. Na cidade era um comentário só. Desde o início apoiei a ocupação, depois, o subprefeito Chicão também passou a apoiar deliberadamente os moradores.
O Executivo endureceu com o movimento a tal ponto que o prefeito Maurício Soares e seu Vice- Djalma Bom demitiram o subprefeito do distrito do Riacho Grande. Convém salientar que o companheiro Chicão foi eleito pelo voto popular dos moradores do Riacho Grande.
A bancada de vereadores do PT, em 1989, condenou o nosso apoio à ocupação e o partido se reuniu para discutir a minha participação nessa ocupação. Uns defendiam o meu afastamento do partido, outros defendiam a perda do mandato de vereador, mas em nenhum momento tive dúvida da necessidade daquela ação e do nosso irrestrito apoio a população carente e abandonada pelos sucessivos prefeitos desta cidade.
Lembro-me dos freqüentes discursos conclamando os moradores a resistir, pois a história dos trabalhadores deveria ser escrita pelos próprios trabalhadores e que a nossa atuação, também, era a história viva que estávamos escrevendo. Numa Assembleia foi pautado o debate sobre o nome da Vila e das ruas. Mesmo com dificuldades respiratórias, a companheira Emília levantou a mão e pediu a palavra, apresentando sua proposta de nome.
Após justificar sua proposta afirmou: “A nossa Vila deve receber o nome dos nossos Lutadores que todos conhecemos”. Todos ficaram em silêncio. Ela então complementou: “Minha proposta é que nossa Vila Tenha o nome de VILA LULALDO, em homenagem ao LULA e ao Aldo, pois o LULA é um grande lutador e nos representa no Brasil inteiro e o Vereador ALDO SANTOS é quem nos apóia e está com a gente dia e noite aqui no terreno”. Todos aplaudiram. Após a votação dos vários nomes, a proposta vencedora foi a proposta apresentada pela guerreira Emília Belomo.
A denominação foi objeto de grande repercussão e destaque na grande imprensa, pois a homenagem aprovada pela assembleia dos moradores, durante muito tempo e até nos dias atuais, ainda, é vítima de preconceito dos políticos reacionários que não respeitam a história dos pobres e a soberania popular.
Nas assembleias, várias lideranças populares usavam a palavra para expressar a solidariedade de classe, como o Tonhão, Dagmar, Geraldo, Boni e outros.
A resistência dos moradores foi grande: com a realização de assembleias permanentes, atos, passeatas, fechamento da Via Anchieta e todas as formas de lutas necessárias para garantir a fixação dos moradores na área ocupada.
Foi uma luta acertada e VITORIOSA, pois os moradores estão lá até hoje muito bem e obrigado. No início era um sonho que aos poucos se transformou em realidade e hoje existe uma cidade, onde convivem aproximadamente 400 famílias, livres do temor do soterramento, do aluguel, e das ameaças de reintegração de posse.
Recentemente tentaram leiloar a área, mas, na prática, essa área pertence aos moradores que não abrem mão de sua luta, sua história e da conquista consolidada ao longo desses 20 anos de “vida nova”.
Exigimos que o Prefeito Luiz Marinho, amigo inseparável do Presidente LULA, faça a imediata regularização fundiária da vila sem custos para os moradores, bem como deve urgentemente viabilizar as melhorias necessárias, como: guias, sarjetas, asfalto, iluminação pública, creches, Unidade Básica de Saúde e outras.
Vila LULALDO, uma história marcada por bravura, consciência política e determinação dos moradores que ocuparam, lutaram, resistiram e construíram sonhos e vidas como protótipo de uma nova realidade social.
Todas as ocupações que ocorreram no município, na verdade, apontam para a inoperância do poder público, que não apresenta política habitacional capaz de responder previamente a demanda da população empobrecida.
Nesse sentido, quando o poder público não resolve, o povo organizado aponta o caminho e a solução para responder ao déficit habitacional que em nossa cidade é de aproximadamente 60 mil moradias.
Parabéns aos moradores da jovem Vila Lulaldo, que têm muita história a contar para as novas e futuras gerações, ao mesmo tempo em que essa luta representa um grande farol político na resistência e transformação social rumo à construção de uma nova sociedade, justa, igualitária e Socialista.
OCUPAR, CONSTRUIR, RESISTIR E CONQUISTAR É PRECISO!!!

Aldo Santos
Sindicalista, Coordenador da Corrente política TLS, Presidente da Associação dos professores de filosofia do Estado de São Paulo, membro do Diretório Nacional e da Executiva Estadual do Psol (03/12//09)

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