domingo, 13 de junho de 2010

A TAREFA DO CONCLAT ESTÁ POR CONCLUIR

A crise do sistema capitalista que veio a tona em 2008, iniciada com a quebra do banco norte americano Lehman Brothers e que se espalhou para o restante do mundo, colocando em risco o sistema financeiro, que entraria em colapso se os governos não injetassem dinheiro público para socorrer tais instituições.

Ainda agora, quando muitos discutem a gravidade da crise (se foi uma marolinha ou um tsunami) já chegou à segunda “onda”. Começou pela Grécia, levando a zona do euro a voltar suas atenções e recursos para tentar evitar a contaminação geral, uma vez que Portugal e Espanha já sinalizaram que estão sendo atraídos para o “buraco” da Grécia.

Como sempre os governos resolvem atuar para salvar o sistema. E também não é novidade que jogam sobre as costas dos trabalhadores o ônus da crise: demissões, arrocho salarial, redução de salários, congelamentos de salários, cortes nas áreas sociais. São exemplos de medidas propostas e implementadas para conter a crise, inclusive orientando outros países a se anteciparem e já aplicarem tais medidas.

Como era de se esperar, os trabalhadores gregos não se resignaram, pelo contrário, foram às ruas resistir aos ataques. Grandes mobilizações, com convocação da greve geral, fazendo o enfrentamento na luta direta. Foi a resposta e o exemplo que deram.

No Oriente Médio, Israel dando provas de que é de fato um Estado terrorista atacou uma flotilha de voluntários que levavam ajuda humanitária para a população palestina da Faixa de Gaza, deixando quase uma dezena de mortos. As potências mundiais que, persistentemente, acusam os palestinos, iranianos, norte-coreanos de terroristas, manifestando a defesa incondicional de Israel se calam diante do verdadeiro terrorista. Por outro lado, vários lutadores e voluntários se colocam a disposição para levar outras ajudas humanitárias para os palestinos – povo que tem nosso total apoio e solidariedade na sua luta para expulsar os invasores de seu território.

No Brasil vivemos o clima das eleições gerais, em um cenário de extrema calmaria para a burguesia, uma vez que as vozes dissonantes nesse processo estão alijadas. Para fugir da falsa bipolarização e conter o surgimento de outras alternativas, a imprensa burguesa concede voz a uma terceira candidatura que na verdade é mais do mesmo. A candidatura do PV não traz nada de novo para o debate, nem mesmo a pauta ambientalista. No sistema capitalista não é possível uma relação com a natureza de forma equilibrada ou sustentável.

As candidaturas do PT e PSDB parecem mais uma convenção partidária do que dois partidos disputando o poder. As semelhanças entre os dois projetos deixa claro para a classe trabalhadora que no próximo período, principalmente com a chegada da “segunda onda” da crise, sofreremos mais um conjunto de ataques - nova reforma da previdência, arrocho salarial, redução do orçamento na área social entre outras que estão previstas.

É nessa conjuntura, extremamente desfavorável para a classe trabalhadora que nos foi dada a tarefa histórica de reorganizar a esquerda sindical no Brasil, unificar os combativos, aqueles que não capitularam e não foram cooptados. A realização do CONCLAT, na cidade de Santos, deveria sintetizar esse processo. Qual foi a nossa surpresa quando diante dessa conjuntura, interesses outros foram colocados acima da luta da classe trabalhadora: sectarismo, autoconstrução, vaidades, hegemonismo, aparelhismo, personalismo, internismo entre outros vírus que contaminam setores da esquerda.

É inadmissível que diante da gigantesca tarefa histórica, após o dispêndio de enormes esforços (intelectuais, financeiros, políticos) e o deslocamento de quase 4 mil militantes de todo o país, inclusive de outros países para a concretização da mesma, o Congresso não seja concluído. E aqui não da para deixar de apontar a responsabilidade do setor majoritário e seus aliados.

Considerando que nas questões fundamentais e programáticas as deliberações do Congresso estavam sendo acatadas por todos.

No debate sobre conjuntura eleitoral foram apresentadas três posições – Frente de Esquerda (subscrita por nós, TLS); programa classista, anticapitalista e antiimperialista; e voto nulo – foi aprovada a segunda proposta. Em relação ao caráter outras três posições – central sindical; central sindical e popular (TLS); central sindical, popular e movimentos estudantil e de opressões – essa saiu vitoriosa. No debate sobre a proporcionalidade, a periodicidade, o número de membros da secretaria executiva construiu-se uma formulação acordada.

Enfim, o Congresso se desenvolvia com o PSTU aprovando (que se diga legitimamente) - com a sustentação do MTL – todos os pontos fundamentais. Quando da votação sobre o nome da entidade apresentaram as seguintes propostas: Conlutas-Intersindical/Central Sindical e Popular; Central da Classe Trabalhadora.

Antes mesmo da mesa abrir para a defesa das propostas questões de ordem ponderavam que o tema não era fundamental e nem de princípio, para ser imposto por força de maioria e seus aliados, que uma saída acordada era possível e que a persistência rumava para um impasse.

Não houve sensibilidade, na melhor das hipóteses, do setor majoritário para captar os ânimos de quase metade do plenário e as conseqüências do endurecimento numa proposição que indicava mais uma adesão do que a criação de algo novo. A mesa abriu para a defesa das propostas levando em seguida à votação. Questionada sobre o resultado proclamado, refez a votação se dispondo a contar os votos. O estrago já estava feito e não havia mais condições de continuar os trabalhos.

Depois de mais de uma hora dos trabalhos suspensos, se restabeleceu a plenária, mas não se tinha condições e nem legitimidade para continuar com as votações uma vez que vários setores não retornaram. Desta forma, saímos do CONCLAT com a tarefa que entramos – unificar para fortalecer a luta da classe trabalhadora. Reafirmamos nosso empenho nessa tarefa que é uma necessidade histórica da nossa classe.

Diante desse quadro nossa corrente fez uma declaração na qual colocamos que não integraríamos a Coordenação Provisória aprovada e faríamos esforços para que os setores que se retiraram do Congresso sejam reincorporados a partir de um processo de negociações que restabeleça a confiança e que seja aprovado um método para que o Congresso seja concluído e nova Central possa enfim se consolidar.

Diante desta realidade, propomos a INTERSINDICAL, MAS, UNIDOS PARA LUTAR, ESPAÇO SOCIALISTA E OUTRAS UM DIÁLOGO COLETIVO PARA QUE POSSAMOS DEBATER O IMPASSE CRIADO E BUSCARMOS UMA SAÍDA POSSÍVEL.



TLS – TRABALHADORES NA LUTA SOCIALISTA

Junho de 2010



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