domingo, 13 de junho de 2010

A VITÓRIA DA DERROTA !

Durante vários meses, anos, centenas, milhares de militantes, da cidade e do campo, da esquerda, no país inteiro, perderam noites sem dormir, ficaram sem a companhia da família, deixaram de se confraternizar com os amigos, não foram ao estádio ver seu time do coração jogar, faltaram no serviço, envolvidos que estavam na construção da unidade sindical das esquerdas em uma nova central.
As noites sem dormir em virtude da leitura e discussão das teses; longe da família, dos amigos, do time, do serviço para estar presente nas varias reuniões de negociação e nas plenárias de eleição dos delegados, porque acreditaram que esse processo era único e histórico para a classe trabalhadora do Brasil e do mundo.
No inicio, com a traição da CUT, buscou-se construir uma central sindical unitária, porém não houve acordo e surgiram, então, duas centrais sindicais: Conlutas e Intersindical. A principal divergência, apesar de parecer, não era a concepção de central: sindical, popular ou estudantil; não era o nome Conlutas/Intersindical ou Ceclat; não era a composição da Executiva ou se deveria ser eleita no próprio Congresso da Classe Trabalhadora em Santos nos dias 5 e 6 de junho de 2010. A principal divergência está presente na primeira idéia, intenção, vontade de construir uma nova central a mais de 6 anos atrás. Essa divergência permeou todo o debate, todo o processo de discussão e negociação; às vezes explicita outras vezes implícita. Essa divergência é a intransigente posição da Conlutas de anexar outros setores ao seu projeto e não construir uma nova central.
Diante da necessidade da classe trabalhadora em unificar seus lutadores em um único instrumento de luta, classista, autônomo, para enfrentar a opressão da burguesia que cada vez mais intensifica seus ataques para garantir seus lucros, era necessário que houvesse bom senso dos setores que dominavam o Congresso.
Nesse sentido, vários acordos foram feitos, como por exemplo, no numero de membros da executiva. Porem, no caso do nome, questão que visivelmente se tornou sensível entre os delegados prevaleceu à posição de anexação defendida pela Conlutas que não quis negociar alegando que poderia ficar refém de outras correntes. Na verdade, a intenção era de anexação que acabou conseguindo em relação a algumas correntes como a Conspiração Socialista e o MTST.
Assim, a Conlutas consegue, mesmo que parcialmente seu objetivo. Sai maior do que entrou. Enquanto que os outros setores, que desde o início não aceitarem a política de anexação da Conlutas, aceitariam perder todas as votações, mas não poderiam aceitar manter o nome, pois isso significa muito mais que o nome, significa aceitar anexar-se ao Conlutas e não construir uma nova Central. Não se trata, simplesmente, de acatar a votação, como alega o Conlutas, tentando incriminar os setores que saíram do Congresso, de não respeitar a democracia operária. Esse momento, dada sua importância histórica para classe trabalhadora, deveria ser considerado sob outra ótica, a da humildade diante da necessidade e do momento histórico e a responsabilidade do setor majoritário determina os rumos do Congresso.
Dito isto, concluímos que a responsabilidade pelo racha é do setor majoritário, a Conlutas. E, diante da quebra de confiança, não há mais condições de retomar a unificação neste momento, a saída é a constituição de uma frente de lutas para não perdermos tempo em infindas reuniões enquanto a classe trabalhadora exige respostas rápidas, pois a crise que se iniciou há dois anos continua presente e a burguesia empurra a conta para os trabalhadores.
Na Grécia os trabalhadores resistem com mais 25 greves gerais, ao aumento de impostos, demissão, congelamento e redução de salários, apesar de sua direção social democrata alinhada como os governos. A burguesia usa a Grécia como laboratório, para ver até onde um povo com tradição de luta, agüenta os ataques para, em seguida, usar os mesmos métodos em outros países, pois a crise vai continuar avançando pela Europa, como já se pode verificar corte e demissões na Alemanha, Espanha, entre outros e, vai chegar ao Brasil mais dia menos dia.
O que parecia uma vitoria, virou uma derrota por isso, a Frente de Esquerda é a melhor saída pra enfrentar a burguesia diante deste quadro de ataque e de falta de confiança entre as correntes.
José Joaquim Batista Neto
Militante da T.L.S.

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