quarta-feira, 13 de julho de 2011

A tragédia da fome e os números do governo.

A tragédia da fome e os números do governo.




Por mais que o governo brasileiro tente maquiar os dados da miséria social e econômica existente no país, os números apresentados por ele mesmo não deixam a menor dúvida da tragédia social em que está mergulhada a classe trabalhadora brasileira.

Nesses 511 anos de invasão do nosso território, a classe detentora do poder tentou de todas as formas calar, submeter e exterminar os índios, negros e operários, como forma de sufocar o grito de dor e morte precoce, decorrente da fome que campeia nosso rico país, porém, pobre na distribuição dos bens e riquezas produzidas pela classe trabalhadora historicamente saqueada e escravizada pelos governos e patrões.

Na Colonização, no Império e agora na República o modelo econômico capitalista impresso através dos dados estatísticos, mais do que números, cifras e cálculos, expressam a fisionomia de um povo cansado de ser explorado, extorquido e vendido no lucrativo balcão de negócios em períodos eleitorais, que ocorrem a cada dois anos, na ciranda do vale tudo pela manutenção do poder burguês.

O artigo de Maurício Savarese, sintetiza os dados revelados pelos órgãos governamentais, assim como os dados que dão sustentação às políticas governamentais e afirma que “...no Brasil existem 16,2 milhões de pessoas na extrema pobreza, uma população equivalente a população do terceiro maior estado brasileiro que é o Rio de Janeiro...”

O Ministério do Desenvolvimento Social estabeleceu o valor de R$70,00 (setenta reais) per capita mensal, para definir a população brasileira carente. O Plano “Brasil Sem Miséria” da Presidenta Dilma, terá como base os dados do censo 2010.

“Essa é a população mais vulnerável e, mesmo assim, os serviços públicos não estão chegando. Queremos que os serviços que já existem sirvam a essa população”, disse Campello, ao lado dos presidentes do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann, e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eduardo Nunes. “Pretendemos ir a essa população, não fazer um chamamento e dizer que os equipamentos do Estado estão lá.”

Para os menos esclarecidos e, para os marqueteiros políticos, a campanha de Dilma fará, mais uma vez, o grande milagre da “partilha equilibrada”. Na extrema miséria dará auxílio paliativo que não resolve nem ataca os reais problemas econômicos brasileiros e, na outra ponta, favorecerá os capitalistas, socorrendo bancos e empresários com o dinheiro público sacado do trabalho e suor da classe trabalhadora. O tripé dos governos Getúlio, Lula e Dilma (pais dos pobres e literalmente mãe dos ricos) perpetuam e institucionalizam a miséria e, ainda, usando do marketing eleitoral pousando de defensores e aliados dos pobres e oprimidos.

Num outro artigo de Marcos Mendes, intitulado de “Até quando o Governo vai continuar expropriando o povo? Ele transcreve dados da auditoria cidadã da dívida-2010 (Estudo realizado pelo mandato do deputado federal Ivan Valente do Psol), que vão à raiz dos problemas e, desvendam a relação nos governos de FHC e Lula , no qual aponta que o país está comprometido e afundado em dívidas impagáveis, ao longo dos vários governos que os antecederam:

”Quando FHC assumiu em Jan/1995, a dívida interna era de R$ 62 Bilhões e quando deixou o governo em Dez/2002, esta alcançava R$ 687 Bilhões. A dívida externa era de US$ 143 Bilhões em Jan/1995 e US$ 211 Bilhões quando terminou seu mandato em Dez/2002. Durante os 8 anos de FHC foram pagos R$ 2,079 Trilhões a título de juros, amortizações e rolagem da dívida (Auditoria Cidadã da Dívida – 2010). Isso tudo, apesar das Privatizações de nossas estatais estratégicas e lucrativas!

Lula assumiu o governo em Jan/2003. A dívida interna estava em R$ 687 Bilhões e a externa em US$ 211 Bilhões. Ao final de seu mandato, a interna alcançava R$ 2 TRILHÕES, 241 Bilhões e a externa US$ 357 Bilhões. Durante seus oito anos de mandato, Lula pagou R$ 4,763 Trilhões a título de juros, amortizações e rolagem da dívida (Auditoria Cidadã da Dívida - 2010). E as Privatizações continuaram, especialmente por meio dos leilões das jazidas de petróleo.

Como vê, Lula pagou muito mais que FHC e deu um golpe de mestre ao quitar a parcela com o FMI de US$ 15,5 Bilhões, o que lhe rendeu enormes frutos políticos e confundiu a cabeça dos brasileiros que pensam que a dívida brasileira teria sido paga, embora quase a metade do orçamento federal (44,93%), cerca de R$ 635 Bilhões, esteja sendo destinado ao pagamento de juros, amortizações e rolagem da dívida enquanto se investe 2,89% em Educação, 3,91% em Saúde, 0,6% em Segurança Pública, 0,04% em Saneamento, 0,00% em Habitação, 0,06% em Cultura, 0,38% em Ciência e Tecnologia, 0,16% em Organização Agrária, entre outras (Auditoria Cidadã da Dívida - 2010).”

O governo brasileiro, mesmo tentando mascarar e esquivar-se da macro economia e da crise mundial, a exemplo do assalto às conquistas dos trabalhadores da Grécia, Portugal e outros países europeus, não conseguirá deter a marcha da crise que avança a largos passos. Como parte da resistência as articuladas revoltas populares no norte da África e no Oriente Médio, nosso país não ficará ileso da crise econômica, tanto pelos efeitos perversos que a mesma causa aos povos, como pelo caráter internacional rompendo fronteiras, dada a dimensão globalizante que a economia capitalista e o mundo moderno tem vivenciado e até “enaltecido”.

Nesse contexto, por mais “caridosa e justa” que seja a campanha para amenizar o sofrimento dos famélicos brasileiros, essa é mais uma saída eleitoreira, paliativa e transitória que o povo está percebendo a não agregação de valor permanente e de capitalização efetiva na resolutividade dos problemas por eles enfrentados.

Felizmente a máscara e a ilusão de muitos com o governo Lula e agora com a Dilma estão caindo mais rápido do que se pensava. Além da perversa concentração de renda, terras e riquezas, o símbolo desse governo tem sido a cara do imobilismo e da corrupção, como vem ocorrendo com a queda de dois ministros em um curto tempo de “desgoverno”.

Não obstante esses relatos e constatações, se faz necessário uma reação efetiva e a unidade pra valer da esquerda consequente, através do movimento sindical, estudantil, popular e partidário para que possamos enfrentar essa tragédia social em que o país está literalmente mergulhado, tendo por base um programa de ação capaz de dialogar e apontar os caminhos para libertar a classe trabalhadora do massacre capitalista e marcharmos coesos rumo a uma sociedade verdadeiramente solidária, efetivamente socialista e autenticamente humana.



Revolucionar é preciso!!!



Aldo Santos: Coordenador da APEOESP-SBC, Coordenador da corrente política TLS, Presidente da Associação dos professores de filosofia e filósofos do Estado de São Paulo, Membro do Coletivo Nacional de Filosofia e da Executiva Nacional do Psol.







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